domingo, 28 de novembro de 2010

A condescendência com os gestores públicos versus a intransigência com os idosos mais pobres

1º Paradoxo:
Porque é que são tão lestos a abrir excepções nas empresas públicas (quanto às medidas de austeridade) e são tão lentos a admitir que o corte no abono de família das famílias de fracos rendimentos é um erro de política social e um erro de política familiar?
O paradoxo é tão gritante quanto isto: em termos de despesa pública a excepção das EP's - para além de liquidar a credibilidade de uma política - vai acabar por custar mais do que a preservação do abono de família do 4º escalão.

2º Paradoxo:
O congelamento das pensões de 246 euros por mês representa uma determinada atitude social (a insensibilidade). Em contraste, ficam todos muito sensíveis quando se propõe uma reflexão - e um corte com um tecto objectivo - sobre salários de gestores públicos que, não raro, andam na ordem dos 246 mil euros por ano. Que diferença de atitude (ali, a intransigência; aqui, a condescendência).



Detalhe não irrelevante: como em breve o CDS demonstrará, o número de empresas públicas e o número de gestores públicos aumentaram exponencialmente em plena crise...

By Paulo Portas