segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Mais 500 milhões para o BPN?

Hoje, enquanto se fala da injecção de mais 500 milhões de euros no BPN, é bom relembrar o que o então governador do Banco de Portugal escreveu a Teixeira dos Santos...
Perante uma proposta da nova administração do BPN, liderada por Miguel Cadilhe, Vítor Constâncio envia um parecer, datado da semana anterior à nacionalização, em que afirma:
“O montante solicitado parece ser exagerado, uma vez que para atingir um rácio de capital de mínimo de 8% não seria sequer necessário o Estado disponibilizar 600 milhões de euros, dado que 425 milhões seriam suficientes.”
Passados dois anos e a injecção de vários milhares de milhões de euros depois, lembro ainda o ponto final desse Parecer:
“Deste modo, não sendo aceitáveis e/ou possíveis as soluções anteriores e face à iminência da rotura de pagamentos por parte do BPN, esgotadas que estão as possibilidades de continuar a aumentar os apoios promovidos pelas autoridades, parece restar apenas a solução de nacionalização do banco, nas condições previstas na Constituição da República Portuguesa.
(…)
Se esta solução vier a ser adoptada, existem as hipóteses de o BPN continuar a desenvolver isoladamente a sua actividade ou, alternativamente, a sua integração, a sua integração no Grupo Caixa Geral de Depósitos. Esta última hipótese parece preferível com vista à reprivatização posterior da instituição ou à venda separada da rede de agências e outros activos do BPN”.
Como sabemos, a reprivatização preconizada por Constâncio falhou; a CGD rejeita a integração; as injecções de capital continuam a crescer assustadoramente e o BPN continua a funcionar com uma situação líquida negativa e com os rácios prudenciais abaixo dos limites exigidos… É isto que é bom lembrar, quando se fala no BPN.

By Paulo Portas

Sem comentários:

Enviar um comentário